A presença de bactérias e micoplasmas associados à BRD é evidenciada por meio de cultura e/ou qPCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real). Os vírus são detectados por qPCR, pois busca-se apenas evidenciar sua presença. Testes histológicos, como anatomia patológica, imunohistoquímica e hibridação in situ, são menos comuns, embora possam ser complementares aos outros métodos, na medida em que as amostras sejam obtidas e preservadas em condições ideais (frescas e fixadas em formol).
A cultura bacteriana (CB) é um método amplamente utilizado para o diagnóstico da BRD, pois permite a obtenção das bactérias, sua identificação e a realização de antibiogramas. No entanto, a CB requer tempo (dias) para obter resultados e esses dependem da qualidade da amostra (autólise, heterólise). Algumas bactérias da BRD crescem após 24 horas de cultivo (M. haemolytica, P. multocida), enquanto outras não crescem em condições padrão (requerem meios de cultura e condições especiais) ou demoram 3-5 dias a crescer, após passagens sucessivas do cultivo original (H. somni, Mycoplasma bovis) 4. Em conjunto, todos esses fatores atrasam a obtenção de resultados e o início do tratamento. Essas desvantagens são compartilhadas, embora em contextos diferentes, com a histopatologia, que fornece informações detalhadas sobre as alterações teciduais causadas pela BRD, como inflamação, necrose, fibrose ou outros padrões histológicos característicos, mas é muito afetada pela qualidade da amostra e requer tempo para execução.
O fundamento do qPCR é comparável ao de "fotocopiar" um documento original. Se o qPCR detetar moléculas de DNA/ARN do patógeno na amostra, ela usa essas moléculas como molde e as replica bilhões de vezes até torná-las detetáveis. Isso faz com que seja um método rápido, muito sensível e específico. O qPCR não depende que o microrganismo esteja vivo (viável) para ser detetado e é menos afetado pela qualidade da amostra do que a CB ou a histopatologia. Por outro lado, o qPCR é realizado imediatamente após a chegada da amostra ao laboratório. Uma mesma amostra, como é o caso dos cartões FTA com tecidos ou secreções, permite a deteção de vários patógenos simultaneamente, pois pode ser realizada em formato multiplex (um tubo, várias PCR) 5. O qPCR é atualmente o método de escolha para o diagnóstico e monitoramento da BRD.
Autor: Jaime Maldonado, DVM, MSc, ECPHM Diplomate. Senior Manager, Scientific Manager Unit (HIPRA)
Referencias:
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