ETIOLOGIA:
A Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos (DHV) foi cientificamente reportada em 1984 e é causada por um Calicivírus (gênero Lagovirus, família Caliciviridae). Este é um vírus de RNA sem envelope, com apenas uma proteína principal do capsídeo (VP60) e caracteriza-se por uma grande resistência ambiental e por desencadear elevada mortalidade e morbidade aos coelhos.
Em 2010, emerge na Europa um novo serotipo viral da DHV, filogeneticamente e antigenicamente distinto do anterior. Este novo serotipo passou a ser reportado como RHDV2 (Rabbit Hemorrhagic Disease Virus Type 2) ou "nova variante" e o serotipo que tinha sido inicialmente descoberto passou a denominar-se por RHDV1 (RHD Type 1) ou "variante clássica".
TRANSMISSÃO:
- Contato direto: coelhos infetados podem dissipar o vírus através de secreções e excreções (orais, nasais, conjuntivais e parenterais).
- Contato indireto: fomites (roupas, jaulas, equipamentos) alimentos contaminados e vetores (predadores, aves e insetos).
SINAIS CLÍNICOS:
Dependendo da evolução clínica da doença, podem ocorrer três diferentes apresentações clínicas. Na forma hiperaguda, a morte súbita ocorre tipicamente sem sinais clínicos. A mortalidade varia dependendo da estirpe da DHV e da idade dos coelhos:
- RHDV1 ou "variante clássica": alta mortalidade (80-90%) em coelhos adultos.
- RHDV2 ou "nova variante": mortalidade variável (50-80%) e afeta também coelhos mais jovens a partir dos 7-15 dias de idade.
Nas formas aguda e subaguda, os coelhos podem apresentar febre, anorexia, apatia, icterícia, secreção nasal sanguinolenta, epistaxis, sinais neurológicos e respiratórios, etc.
LESÕES:
Necrose hepática, esplenomegalia, congestão e hemorragias em múltiplos órgãos: baço, timo e pulmões.
DIAGNÓSTICO:
- Identificação do agente: o fígado é o órgão de eleição por conter uma maior titulação viral. Teste de hemaglutinação, microscopia eletrónica, sandwich ELISA, RT-PCR e Western blotting podem ser usados para identificar o vírus.
- Deteção de resposta imunológica (sorologia): teste de inibição da hemaglutinação e ELISA.
TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLO:
Não existe tratamento específico para a DHV, sendo assim a medicina preventiva essencial para evitar que esta doença ocorra.
As principais medidas preventivas empregues são protocolos de biossegurança (limpeza, desinfeção, isolamento, etc.) e a vacinação precoce dos coelhos. Existem algumas vacinas disponíveis, que podem ser administradas a partir dos 30 dias de idade.
Em alguns casos, a vacinação pode também ser utilizada como estratégia de emergência quando a DHV ocorre num determinado grupo de coelhos.